sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Poesia dos Sentidos

Afirmo que o amor é um sentimento em alta porque vejo amor nas coisas, nas pessoas, nos comportamentos, nos e-mails recebidos e enviados, no arroz salgado demais. Vejo amor em tudo.

Um dia desses ao chegar no trabalho encontrei um ex-funcionário na portaria. O nome dele é Pedro, o Seu Pedro, como desde sempre eu ouvira falar. Negro, 1,75m , educado e com voz macia, com o português sempre impecável, Seu Pedro era "o cara" da empresa. Encanador, pedreiro, motorista, mecânico, churrasqueiro e tocador de sanfona. Cuidava da mulher doente, que tinha uma paralisia nos membros inferiores, mas nem por isso deixava de acompanhar o marido. Todas as festas da empresa lá estavam os dois. Todos adoravam o Seu Pedro.

Foi esse o homem que encontrei. Já está viúvo, tem duas pontes de safena, não trabalha mais, está aposentado. Quando cheguei lembrei-me que quando era pequeno adorava aquele "negão" dos dentes brancos. Sempre que me via, abria um sorriso que era impossível não retribuir. Dessa vez não foi diferente.

“Olá como vai ? Eu vou indo, e você, tudo bem?” Já o tinha encontrado por aqui outras vezes conversando com o porteiro, o mesmo que trabalhava com ele anos atrás, contando "causos" antigos, relembrando personagens pitorescos; mas pelo que percebi o assunto e o ar da conversa eram outros: Seu Pedro arrumou uma namorada. Tinha acabado de encontrá-la e como um juvenil apaixonado veio contar as novidade para os antigos amigos. Quando soube da novidade me interessei mais ainda pelo encontro inesperado e, um tanto quanto intrometido, entrei na conversa.

Soube então para minha surpresa que o "negão do sorriso branco", agora com 79 anos, arranjou uma namorada pela internet, numa sala de bate-papo, num computador que o neto torrou a paciência da mãe para comprar e que agora tinha que dividir com o vovô.

E ele me contou com tanta naturalidade que cortou minha surpresa inicial. Apenas escutei sobre o encontro, sobre como ele estava feliz, mas resolvi não fazer nenhuma pergunta. Desejei felicidades e me despedi.


" O amor é a poesia dos sentidos. Ou é sublime, ou não existe. Quando existe, existe para sempre e vai crescendo a cada dia."


O amor no Seu Pedro é sublime assim como é o meu amor .

Viva o amor !

Um comentário:

Camilla Salmazi disse...

VIVA O AMOR! Que cresce feliz, brinca com as flores e sempre sorri!
Amo demais!
bjs